Mais uma vez o sensacionalismo criado pela mídia prejudicou os investidores. O Comitê de Política Monetária do FED (Federal Reserve – banco central dos Estados Unidos) frustrou aqueles investidores/operadores que acreditaram nas informações distorcidas fornecidas pelos principais veículos de comunicação do mercado financeiro.
A decisão do FED não apresentou
nenhuma novidade. Ficou em linha com as indicações fornecidas pela ata da
última reunião realizada no dia 19/06/2013. A redução do volume de compras do programa de
estímulo monetário está condicionada à melhora da economia norte-americana.
Caso as projeções econômicas do FED sejam confirmadas, a redução poderá ocorrer
no final deste ano.
A decisão do Comitê foi praticamente unânime. O único membro que votou contra
a política monetária do Banco Central norte-americano foi Esther George, presidente do FED de Kansas
City. Mas este voto é praticamente descartável (apesar de auferir grande
destaque na mídia) devido à postura radial/ideológica da presidente do FED de
kansas City. Esther George votou contra em todas as reuniões do Comitê este
ano.
Os demais diretores do Banco
Central dos Estados Unidos ressaltaram preocupações quanto às maiores taxas
hipotecárias, além de frisarem que a inflação persistentemente abaixo da meta
de 2% ao ano pode representar riscos à economia. A expectativa do Comitê é de
que a inflação volte a subir somente no médio prazo (provavelmente a partir de
2014, acompanhando o processo de retomada da economia global).
Além disso, o Comitê alterou
sua avaliação do crescimento econômico norte-americano, de moderado para modesto,
o que significa leve sinalização de piora nas perspectivas de crescimento. Esta
é a primeira vez em três anos que o FED utiliza o termo modesto para descrever
o impulso da economia, prejudicada pelo aperto fiscal do governo federal e
fraco desempenho do mercado externo.
Na parte da manhã o
Departamento de Comércio dos Estados Unidos informou que o PIB (Produto Interno
Bruto) do País subiu 1,7% no segundo trimestre de 2013, significativamente superior
às expectativas do mercado que giravam em torno de 0,9%. Já o crescimento do
primeiro trimestre deste ano sofreu uma revisão negativa (de 1,7% para 1,1%).
A chuva de informações
importantes provocou aumento da volatilidade nos mercados. As bolsas de valores
ensaiaram um movimento de alta após a decisão do FED (pró-mercado, com a
manutenção do programa de estímulos monetários). Mas os ganhos foram revertidos
no final do pregão, mostrando encerramento de posições compradas (possivelmente
gestores fazendo caixa) no último dia útil do mês.
O desempenho do índice
Bovespa foi ainda afetado pela surpreendente disparada do Índice de Preços ao
Produtor no mês de junho. A inflação ao produtor brasileiro subiu 1,33% no mês
passado, mostrando reflexos antecipados do impacto ocasionado pela
desvalorização do real. O choque do câmbio na inflação de curto/curtíssimo prazo
representa uma sinalização preocupante, principalmente no que se
refere à baixa confiança dos agentes na condução da política econômica e
monetária.
Não é por acaso que o Banco
Central do Brasil tem efetuado constantes intervenções no mercado de câmbio na
tentativa de forçar uma valorização do real. Mas, como de costume, as
intervenções possuem baixo grau de eficiência, haja vista que o movimento de
valorização do dólar é global e ocorre com mais intensidade no Brasil,
justamente pela baixa credibilidade do governo federal.
Somente nesta quarta-feira o
Banco Central realizou três leilões de swap cambial tradicional e mesmo assim
não foi possível conter o movimento de valorização do dólar, influenciado,
também, pelo fechamento mensal da Ptax. O dólar encerrou o pregão em leve alta,
cotado aos R$ 2,28.
O índice Bovespa fechou o
pregão em baixa de 0,67%, colado na linha de suporte dos 48k. Houve
aparecimento de força compradora durante o pregão, no primeiro teste desta
região ocorrido no início da tarde, porém novamente rechaçado pela força
vendedora. A LTA dos 44.1k foi perdida, enfraquecendo a linha de suporte.
Caso seja confirmado a
ruptura dos 48k amanhã, a força da tendência de baixa de curtíssimo prazo
deverá aumentar, o que poderá invalidar o movimento de repique de curto prazo
(tendência de alta) iniciado na região dos 44.1k.
No gráfico mensal do índice
Bovespa podemos observar a formação de uma estrela acima da LTA de 2002, indicando
sinalização de fundo (possivelmente temporário). O candle será invalidado com
um fechamento abaixo da mínima registrada neste mês. Nível de sobrevenda permanece
elevado, favorável ao movimento de repique.
Nos Estados Unidos o índice Dow Jones tentou romper pelo décimo pregão
consecutivo a resistência dos 15.5k. A tentativa foi novamente rechaçada pela força vendedora, mesmo com a sinalização de manutenção do programa de estímulo
monetário do FED. Mercado continua vulnerável à novas correções de curto prazo.