Confirmando as indicações constatadas nas duas últimas atas de reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), a autoridade monetária brasileira reduziu nesta quarta-feira o ritmo de aperto monetário ao elevar a taxa Selic em 0,25 p.p.
Na ata de reunião dos dias 14 e 15 de janeiro de 2014 o Banco Central havia utilizado o
termo “tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava”, referindo-se a elevada variação dos índices de preço, no
parágrafo que justificou o aumento de 0,5 p.p. naquela data. Para reforçar a
demonstração de que este aumento foi um caso à parte (projetava-se 0,25 p.p. na
mesa), o Banco Central trocou a expressão “nesse contexto” para “dessa forma”,
no trecho onde os diretores entendem ser “apropriada a continuidade do ritmo de
ajuste das condições monetárias ora em curso”, corroborando para uma decisão de
momento (curto prazo, como resposta ao
nível psicológico atingido pelo IPCA de dezembro).
A
desaceleração da inflação de dezembro para janeiro e a queda de curto prazo
observada nas taxas de juros futuros (mostrando certa tranquilidade/conformidade
no ambiente de negócio) abriram espaço para o Banco Central reduzir o ritmo de
aperto monetário sem causar estresse imediato no mercado, embora as condições
técnicas impedem uma postura menos rigorosa por parte da autoridade monetária.
Com a
decisão desta quarta-feira, a taxa básica de juros subiu para 10,75% ao ano, atingindo
o mesmo patamar observado na posse da presidente Dilma. A diferença é que hoje
a inflação está significativamente mais pressionada e as expectativas futuras
dos agentes extremamente corroídas, cenário fruto da redução desembestada dos
juros iniciada em 2011 que, por sua vez, provocou um desequilíbrio econômico sem
precedentes.
Ao final da
reunião, o Banco Central emitiu o seguinte comunicado: “Dando prosseguimento ao processo
de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o
Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,25 p.p., para 10,75%
a.a., sem viés.”
O comunicado é praticamente o mesmo emitido
na reunião anterior dos dias 14 e 15 de janeiro (“Dando
prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na
reunião de abril de 2013, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento,
elevar a taxa Selic em 0,5 p. p., para 10,5% ao ano, sem viés”). A única diferença é que a expressão “neste momento” foi retirada,
confirmando que a elevação de 0,5 p.p. em janeiro foi um caso à parte.
A partir da
avaliação deste pequeno trecho, subentende-se que haverá uma nova elevação de
0,25 p.p. da taxa Selic na próxima reunião do Copom a ser realizada nos dias 1
e 2 de abril, ainda sem sinalização de interrupção do atual ciclo de aperto
monetário.
No mercado de capitais o
índice Bovespa cedeu 0,25% nesta quarta-feira pressionado pelo papel da
Petrobras, que atingiu o menor nível
de fechamento desde novembro de 2005. O balanço do quarto trimestre divulgado
ontem à noite, camuflado pela contabilidade de hedge e benefícios fiscais, não
agradou o mercado.
Entretanto,
a movimentação do índice não alterou o padrão observado nos últimos dias. O
mercado permanece travado, oscilando dentro da faixa de congestão de curtíssimo
prazo.
Destaque
para a sugestão de saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, feita
pelo jornal Financial Times, num eventual segundo mandato da presidente Dilma. O
descontentamento com a equipe econômica do governo é generalizado e a troca por
um novo ministro, preferencialmente pró-mercado, ajudaria o País a retomar parte
da credibilidade perdida nos últimos anos. A substituição provavelmente irá acontecer,
mas ainda não é possível constatar nomes pró-mercado cotados para assumir o
cargo na Fazenda.
Nos Estados Unidos tivemos mais um dia de pregão
insignificante. O índice Dow Jones fechou perto da estabilidade, mantendo a
análise dos últimos dias, emitindo mais um sinal de indecisão de curtíssimo
prazo.
Olá FI!
ResponderExcluirTenho certeza que muitos, lendo esse post, vão querer sugerir seu nome para ministro da Fazenda. Não sei se você teria estômago, mas que seria uma luz no fundo do túnel, seria!
Abs.
ahhahaha, eu endosso.
Excluirrsrsrss... quem sou eu pra ser ministro!
ExcluirObrigado pessoal,
Abcs, bons investimentos
Boa noite FI, parabéns pelas brilhantes análises. Uma dúvida, por que você não faz a análise do SP500 ao invés do Indice Dow Jones, a meu ver, o SP é muito mais representativo.
ResponderExcluirAbs,
Mario Lucena
Boa noite Mario Lucena,
ExcluirObrigado! O Dow Jones é mais utilizado no mercado (mais popular). Mas na verdade não há diferença prática entre um e outro. Ambos trabalham dentro de mesmas tendências, tanto de curtíssimo prazo, quanto de longo prazo, e emitem sinais idênticos.
Abcs, bons negócios
Mantega e o banco central são perfeitos para a Dilma. Com sua veia ditatorial ela encontrou fantoches para fazer o que ela quer. E viva a ditadura vermelha dos companheiros...
ResponderExcluirParece que sim, infelizmente...
ExcluirAbcs, bons investimentos
FI,
ResponderExcluirSerá realmente que ela trocará o Mantega ? Ou, se trocar, será alguém pró-mercado?
Acho que o Mantega é um bonequinho que segue ordens do Dilmão. Se ela botar alguém capacitado ou com bom senso seria uma trava para a própria Dilma, autora de inúmeras ideias e decisões psicopatas.
Será?
Bom post.
Obrigado.
ExcluirA troca é bastante provável. Acho que vai acontecer, mas não será alguém pró-mercado. A política econômica tem o dedo da Dilma, mas acho que boa parte da culpa pelas distorções e baixo desempenho é resultado de uma incompetência generalizada.
Abcs, bons trades
Próximo ministro da fazenda será o Arno Augustin, prevejo.
ExcluirCaso acerte, será pior que o Mantega.
Sim, esse é perigoso. Também considero pior do que o Mantega.
ExcluirAbcs, bons investimentos
Nem brinca com isso... putis grila, aí é pra dar um tiro no coco
ExcluirMantega só faz o que a Dilma quer. Sua substituição, se ocorrer, será por alguém com o mesmo perfil e não pró-mercado.
ResponderExcluirNoto que a imprensa ataca o ministro e sabe que a política econômica segue os interesses da presidentA. Mantega está lá para ser porta-voz somente e segurar as críticas, bem como rebatê-las e é isso o que acontece.
Precisamos de um novo governo, com uma nova proposta de política econômica. O que está aí já não sabe mais por que caminho seguir.
Em partes sim, mas como ressaltei no comentário acima, acho que isso tudo é resultado de uma incompetência generalizada e não somente da presidente. Precisamos de uma transição de governo neste ano, sem dúvida. Mas vai ser difícil, a popularidade da Dilma está muito alta.
ExcluirAbcs, bons investimentos
Salvo engano, a cotação da PETR é a menor desde novembro de 2008, e não 2005.
ResponderExcluirA análise é excelente quando identifica que a taxa será a mesma do início do Governo - todavia, os problemas são muito maiores.
A informação está correta.
ExcluirO estudo foi feito pela Economática, mas fiz questão de conferir no gráfico. A Petro fechou hoje abaixo do preço atingido no mês de novembro de 2005. Acontece que esta mínima registrada no crash de 2008 está na mesma região de preço registrado em 2005.
Abcs, bons negócios