A agência de classificação
de risco Moody’s alterou a perspectiva para o rating brasileiro na tarde desta
movimentada quarta-feira, pegando o mercado e o próprio governo de surpresa. Ao
contrário das inúmeras decepções acumuladas nos últimos anos, desta vez o
quadro é de entusiasmo.
A Moody’s elevou a perspectiva
para o rating brasileiro de negativa para estável. Apesar de ser um movimento
teoricamente de pouca relevância, já que a nota do País continua em Ba2 (dois
níveis abaixo do grau de investimento), uma simples melhora na perspectiva,
depois de tantos anos desastrosos, agrega impacto psicológico relevante num
momento extremamente crucial.
Em novembro do ano passado,
a agência de classificação de risco Fitch fez uma reavaliação do quadro
macroeconômico e reafirmou sua nota BB (dois níveis abaixo do grau de
investimento) para o Brasil. Cerca de um mês atrás, a agência de classificação
de risco Standard & Poor’s também fez a sua revisão e seguiu os mesmos
passos da Fitch, mantendo o rating BB e perspectiva negativa.
O Brasil precisava de um
voto de confiança por conta do esforço do governo em matéria de política econômica
(apesar de insuficiente) e melhora no quadro inflacionário. Ele veio no timing
perfeito, justamente no mesmo dia em que parte da população se mobiliza contra
a importante reforma da previdência.
O voto de confiança da Moody’s
aumenta a força do governo para seguir com sua dificílima agenda de reformas estruturantes
e pode comprar apoio dos agentes, que ainda estão céticos em relação à retomada
do crescimento. Uma pequena melhora no humor dos investidores/empresários será
capaz de fazer a roda da economia parar de girar no sentido anti-horário.
A velocidade do processo de
retomada econômica dependerá do nível de eficácia da articulação do Planalto com
o Congresso, mas a melhora na perspectiva deverá reduzir a dificuldade desse
trabalho. Em seu novo cenário base, a Moody’s considera crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) entre 0,5% a 1% neste ano e 1,5% em 2018, com inflação
ancorada na meta.
A surpresa com a Moody’s é
mais um fator para dar respaldo à manutenção do movimento comprador em ativos
de risco brasileiros, mas é preciso ficar atento à extensão e ao nível de entusiasmo
no mercado.
Apesar do reconhecimento de
melhora no quadro macroeconômico, o fiscal continua sendo um grave problema ainda
sem solução para o longo prazo. A própria Moody’s espera que a relação
dívida/PIB do Brasil aumente de 70% em 2016 para insustentáveis 80% em 2019. Não
existe precedente de País emergente no mundo com uma dívida tão alta quanto à
brasileira e, ainda, com um custo tão perverso.
O próximo presidente do
Brasil vai assumir uma bomba fiscal, a não ser que a carga tributária
ultrapasse 40% do PIB (algo inimaginável). Um problema deste tamanho deve tomar
conta das campanhas dos partidos políticos, com debates de baixa qualidade (além
dos próprios potenciais candidatos), ambiente propício para a polarização gerar
consequências imprevisíveis.
Com as projeções para a taxa
de desemprego em dois dígitos ainda em 2018, juntamente com os impactos
negativos de curto prazo das reformas estruturais (se forem aprovadas), o
governo Temer (PMDB) terá de tomar uma decisão difícil no final deste ano: ou
se mantêm firme na rota pró-mercado, praticamente inviabilizando uma
continuação, ou pisa no acelerador para buscar aproximação com a massa e tentar
uma sucessão em 2018.
Na agenda externa desta
quarta-feira, o FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos)
confirmou as expectativas dominantes no mercado e subiu a faixa de intervalo da
meta para a Fed Funds (taxa básica de juros) em 0,25 p.p., para 0,75% a 1% ao
ano, marcando o segundo aumento em três meses.
A comunicação da autoridade
monetária norte-americana tem se mostrado fenomenal no sentido de manter o bom
nível de humor dos investidores/operadores no mercado em meio à intensificação
do ciclo de aperto monetário.
Novamente, o FED frisou em
seu comunicado que a estratégia continua gradual, sem admitir qualquer mudança
de rota, apesar de estar fazendo isso na prática. A Fed Funds está subindo mais
rápido do que no passado recente, mas as palavras usadas na comunicação da
autoridade monetária seguem comovendo (ou hipnotizando) o mercado.
O S&P500 subiu nesta
quarta-feira, interrompendo o movimento corretivo de curtíssimo prazo, com a
confirmação de sustentação dos preços sobre a linha central de bollinger.
As novas projeções
divulgadas ao final do encontro de dois dias nesta quarta-feira revelam
manutenção do PIB na faixa de 2% ao longo dos próximos anos, taxa de desemprego
em 4,5% e inflação ancorada nos 2%. A mediana das estimativas para a Fed Funds
se manteve em 1,4% para 2017 e 2,1% em 2018, onde atualmente está o foco do
mercado. Entretanto, para 2019, a mediana subiu de 2,9% para 3,0%. O ajuste é
pequeno, mas revela que na medida em que os juros de curto prazo vão subindo,
os membros do Comitê vão calibrando suas estimativas para as taxas mais longas.
A bolsa brasileira também reagiu com otimismo após a divulgação do
comunicado do FED. O mercado fechou na máxima do dia, confirmando suporte na
região dos 64k e retomada do movimento ascendente.
FI,
ResponderExcluirOpa ...agora vai? Pior que está não fica?
Abs,
Quando será que essa bolha do SP500 vai estourar? De bolha em bolha...
ResponderExcluirNinguém sabe rs..
ExcluirOlá!
ResponderExcluir"Ele veio no timing perfeito, justamente no mesmo dia em que parte da população se mobiliza contra a importante reforma da previdência." Infelizmente essa notícia não teve tanto destaque quanto as manifestações e vandalizações que ocorreram. Como dito, ainda falta muito para melhorar o quadro do país, mas essa notícia já ajuda a tomar um folegozinho pra sobreviver a 2017. Acredito que no último trimestre do ano as coisas tomes melhores rumos e teremos movimentação no setor de serviço (contratação de trabalhadores temporários para o fim de ano) e teremos um Natal menos sofrido do que 2016 e 2015. Vamos aguardar.
Um abraço!
Tomara. Certamente haverá uma melhora, mas ainda muito tímida. A economia está muito longe de recuperar o ímpeto do passado.
ExcluirAbs,
Acredito que até o final do ano chega próximo a 80 pontos.
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