A agência de classificação
de risco Standard & Poor’s anunciou na última segunda-feira que colocou em
observação negativa a perspectiva para o rating do Brasil, atualmente em BB (categoria
especulativa, dois níveis abaixo do patamar mínimo de grau de investimento).
A guerra de interpretações
em torno do áudio de Temer, juntamente com o recuo do PSDB (ainda mantendo sua
aliança com o governo) e discursos positivos (sonhadores) da atual equipe
econômica reduziu a pressão vendedora no curtíssimo prazo e camuflou os graves alertas
emitidos pela Standard & Poor’s em seu comunicado.
A fundamentação da agência
de classificação de risco que levou à mudança na perspectiva de estável para
negativa deixa claro sua grande decepção com o governo Temer. A trajetória de
um longo caminho de ajustes econômicos e fiscais, já considerada lenta antes da
implosão da crise política, está sob forte risco de estagnação.
O Brasil perdeu
o benefício da dúvida com a Standard & Poor’s e, possivelmente, perderá
esse crédito com as outras duas grandes agências de classificação de risco
(Moody’s e Fitch). A classe política brasileira não demonstra ter mais a
capacidade necessária de estabelecer medidas corretivas de forma tempestiva
(antes das eleições de 2018).
Seria importante chegar em
2018 com uma perspectiva de rombo fiscal não tão assustadora quanto os números
dos anos anteriores, na tentativa de destravar ao menos parte dos investimentos
e, assim, impulsionar o crescimento econômico para uma faixa de 1,5% a 2% ao
ano (apesar de ainda ser considerada medíocre para um país emergente). Para esse
cenário meia boca se tornar viável, o Congresso teria que aprovar medidas impopulares quase
que imediatamente.
Com as incertezas acerca da
viabilidade do governo Temer e possibilidade de um processo de transição
prolongado, o Brasil fatalmente será rebaixado de BB para BB- nos próximos três
meses pela Standard & Poor’s.
Bolívia, Croácia, Guatemala
e Turquia são exemplos de países com nota BB. Bangladesh, Vietnã, Barein, Costa
Rica, República Dominicana e Sérvia são exemplos de países com nota BB-, no
qual o Brasil corre risco de fazer parte.
Num primeiro momento, a
comparação pode ser considerada injusta. Ter uma nota abaixo da Bolívia, por exemplo,
é simplesmente ridículo. Mas o fato é que o Brasil infelizmente não tem feito o
dever de casa para merecer uma nota BB. Não estamos crescendo, nossa dívida
está explodindo e nosso PIB per capita está desabando desde 2011. São números cruéis
e desastrosos.
A nota BB- é também
considerada forte sinal de alerta por investidores estrangeiros, pois está
apenas três degraus acima do CCC (nota de elevado risco de inadimplência). Significa
que o país já percorreu metade do caminho para cair no patamar de alto risco de
calote.
O risco do BB- deveria ser
encarado com mais seriedade pela equipe econômica, entretanto, a nota emitida pelo
Ministério da Fazenda, após o anúncio da Standard & Poor’s, não acrescentou
nenhuma ação de resposta. A Fazenda apenas reafirmou seu compromisso com a
recuperação da economia por meio das reformas estruturais. Em outras palavras,
não há cartas na manga. Como não existe ambiente para avanço das reformas, estamos
à deriva.
Na bolsa brasileira, segue
intensa a briga pela importante média móvel simples de 200 períodos diária.
Duas tentativas de rompimento descendente foram derrubadas pela força
compradora, mas o ponto de pivot em 62,8k ainda está mantido (o que permite
manutenção de posições vendidas abertas recentemente).
Mercado pesado, porém
indefinido no curtíssimo prazo. Grandes players estão tomando direções opostas
e a briga tende a continuar intensa nos próximos pregões. Alguns pesos pesados
sairão bastante machucados. Ao investidor pessoa física, é recomendável seguir
a direção do rompimento técnico encurtando stops para giros curtos ou mesmo
esperar a poeira abaixar no ringue.
O mercado de commodities
requer atenção especial em função do teste na LTB de 2017. A tentativa de
rompimento realizada no último pregão não foi confirmada. A média móvel simples
de 200 períodos diária também segue atuando como barreira à continuação do
processo de recuperação de preços visto nos últimos dias.
O Yield da Treasury de 10 anos (título do tesouro norte-americano) voltou
a subir após encostar na mínima do ano em 2,20%, sinalizando interrupção da
onda compradora. Entretanto, com o dólar vendido, abaixo da média móvel simples
de 200 períodos diária, renovando mínima do ano, os investidores estrangeiros
estão sentindo dificuldade de realocação das posições de curto prazo em suas
praças, o que tem permitido o respiro em mercados de alto risco, como o Brasil.
Está com cara que o mercado vai tentar fazer um voo de galinha e, em seguida, desabar de vez...resta nos aguardar para entrar na próxima pernada do mercado, seja de alta ou de baixa. Porém, aposto que será de baixa.
ResponderExcluirE a curva de juros brasileira?Para onde vai?
ResponderExcluirEu já perdi as esperanças, achava que iria ser aprovado pelo menos a idade mínima para se aposentar. Porém pelo visto não vai ser aprovado é nada.
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